Psicologia

As crianças e o luto

Lidar com a perda não é algo para o qual somos ensinados naturalmente. Cada um tem a sua maneira de reagir e sentir a dor da perda. Contudo, esse processo pode ser ainda mais difícil para as crianças, dependendo da idade.

Alguns casos são tão graves que recorrer à terapia infantil, com a ajuda de um psicólogo, é uma estratégia fundamental para superar a tristeza e a sensação de vazio.

Mas como as crianças entendem a morte mediante a idade delas? Vamos ver:

– Crianças em idade pré-escolar: normalmente associam a morte com ideias de retorno, como uma viagem. Ou seja, algo que pode ser revertido ou alterado em algum momento, não sendo fixo. Para crianças nessa faixa etária, a compreensão do “para sempre” não é atingida com facilidade;

 

– Entre cinco a dez anos: A criança comece a encarar o conceito real da morte, mas não equaciona que pode perder os seus entes queridos. Basicamente, a criança sabe da existência da morte, mas acredita que isso só acontecerá com desconhecidos.

 

Como contar para uma criança que ela perdeu alguém?

Crianças tendem a levar tudo ao sentido literal e podem alimentar uma expectativa que terão o seu ente querido de volta em algum momento no futuro.

É importante evitar as famosas expressões “ele/ela virou uma estrelinha”, pois, segundo a psicologia, crianças de até 10 anos estão em processo de construção cognitiva, e não conseguem captar certos conceitos de subjetividade. Elas pensam de maneira concreta e podem construir a sua personalidade com base em conceitos irreais.

Alguns pontos a ter em conta:

– Caso a criança desejar, leve-a ao velório;

– Permita que ela leve flores para colocar no caixão – isso pode ser uma forma dela se despedir;

– Não esconda a sua tristeza – se ela perguntar o porquê do seu choro, conte a verdade e explique que sentirá saudades do ente falecido, pois ele não voltará mais;

– Não omita a verdade sobre a causa da morte – mas evite detalhes, principalmente se a causa da morte for trágica;

– Com o decorrer dos dias, se a criança for muito ativa, estimule-a a brincar e passear ao ar livre, mas se a criança tem uma personalidade mais fechada, passe um tempo de qualidade a sós com ela.

– Tente manter a rotina comum da casa, levando em consideração que novas boas memórias serão formadas deste momento em diante. Esse tipo de atitude ajudará a criança a aceitar e superar a perda do ente querido, de forma realista (sem criar conceitos fantásticos sobre vida e morte).

 

É preciso ficar sempre atento ao comportamento da criança e respeitar a sua forma de lidar com o luto, nunca a obrigando a fazer nada que não queira.